José Gomes da Cruz
(1683-?)

 

Nota biobibliográfica do Dicionário Bibliográfico Português

JOSÉ GOMES DA CRUZ, Cavalleiro professo na Ordem de Christo, e natural de Lisboa, baptisado na egreja parochial de N. S. dos Martyres em 10 de Dezembro de 1683. Aprendida a lingua latina quando contava nove annos de edade, matriculou-se aos treze no curso de Direito Canonico da Universidade de Coimbra, e n’elle fez acto de formatura, recebendo o grau de Bacharel n’aquella Faculdade. Aos dezenove annos foi despachado Juiz de fóra de Cezimbra, e serviu depois outros cargos na magistratura durante um intervalo de dezoito annos, findos os quaes resolveu trocar a vida de Juiz pela de Advogado, estabelecendo-se como tal em Lisboa. Por mais de quarenta annos continuou em exercicio, grangeando grandes creditos como jurisconsulto, e sendo não menos respeitado por sua erudição e saber. Foi Academico da Academia R. de Historia Portugueza, e encarregado de proseguir as Memorias Ecclesiasticas do bispado da Guarda, do ponto em que as deixára o seu antecessor Manuel Pereira da Silva Leal: porém nada consta do seu desempenho, quanto a esta incumbencia. Sabe-se que vivia em 1761, ignorando-se ainda a data certa do seu falecimento.- E.

3493) (C) Allegação de direito, que pelo ex.mo sr. D. José Miguel João de Portugal, conde de Vimioso, fez sobre a successão das casas e morgados dos Corte-reaes e Mouras, na causa em que é oppoente contra os ex.mos srs. Marquezes de Valença, etc. Lisboa, pelos Herdeiros de Paschoal da Silva 1725. fol. de X-264 pag.

3494) (C) Allegação de direito que em defeza do ex.mo sr. D. Francisco de Portugal, marquez de Valença, fez na causa em que o ex.mo Principe Pio pretende... revindicar as casas e morgados dos Corte-reaes e Mouras. Lisboa, por José Antonio da Silva 1725. fol. de VI-102 pag.

3495) (C) Segunda Allegação de direito pelo ex.mo sr. D. José Miguel João de Portugal, conde do Vimioso, sustentando os embargos contra a sentença que se proferiu a favor do ex.mo Principe Pio, etc. Lisboa, por José Antonio da Silva 1726. fol. de VIII-160 pag.

3496) (C) Petição de revista a favor dos ex.mos Marquez de Valença e Conde de Vimioso, na causa em que são partes com o ex.mo D. Gisberto Pio Moura Corte-real, etc. Lisboa, por José Antonio da Silva 1737. fol.

3497) (C) Discurso apologetico, critico e chronologico sobre as excomunhões, interdictos, e cessação á «Divinis» com que procedeu o reverendo doutor José Gomes Dias, com o pretexto de Juiz apostolico de Sua Sanctidade contra o ill.mo Cabido da sancta Sé metropolitana de Lisboa Occidental. Lisboa, por José Antonio da Silva 1735. 4.º de 190 pag.- É precedido o Discurso de uma advertencia preliminar que occupa 38 pag. innumeradas; e antes d’esta vem dedicatoria, licenças, indice, etc., que á sua parte preenchem com o rosto 28 pag., tambem sem numeração.

3498) (C) Allegação de Direito a favor do doutor João Machado de Brito. Lisboa, por José Antonio da Silva 1729. fol. de IV-147 pag.

3499) (C) Memorial apologetico, ou segunda allegação a favor do doutor João Machado de Brito, na demanda que se lhe move sobre a filiação natural que conta de Pedro Machado de Brito, excluida a do dr. Francisco Nunes de Miranda. Lisboa, por José Antonio da Silva 1731. fol. de VIII-65 pag.

3500) (C) Allegação de direito pelo ex.mo sr. D. João Diogo de Ataide, na causa em que são partes os srs. D. João de Mello e Avreu e D. Isabel Bernarda Soares de Vasconcellos Brito e Palha, sobre o paul e sesmarias da Atella. Lisboa, por José Antonio da Silva 1727. fol. de VIII-108 pag.

3501) (C) Allegação de direito na demanda que move Manuel de Bastos Vianna ao sr. Procurador da Fazenda da repartição do ultramar sobre o contracto do sal para a provincia da America. Madrid, pelos Herdeiros de João Garcia Infançon 1743. fol.

3502) (C) Manifesto apologetico e juridico, a favor do P. Francisco Xavier Barbosa, em que se dá satisfação publica e decorosa ao libello famoso que em Maio de 1743 se imprimiu em Madrid por ordem do ex.mo sr. Duque de Aveiro... para justificar a acção nunca justificavel de fazer prender o dito padre, etc., etc. Sem logar nem anno. fol. de 34-23 pag.

3503) (C) Appendix juridico, feito na appellação dos bens de Pedro Vicente da Silva e sua mulher D. Maria Cordeira a larga e douta allegação que se havia feito por parte de José Lourenço Botelho. Lisboa, por José Antonio da Silva 1730. fol. de 47 pag.- Diz Barbosa, e com elle o pseudo Catalogo da Academia, que «não tem designação de logar ou anno», o que e falso, á vista do exemplar que examinei.

3504) (C) Allegação de direito, que a favor da sr.ª D. Dionysia Michaela de Jesus Serqueira fez na demanda que lhe moveram as religiosas do convento do Bom-successo, sobre a successão da capella de Amaro de Serqueira. Lisboa, por José Antonio da Silva 1732. fol. de VIII-48 pag.

3505) (C) Allegação de direito na causa do livramento crime de Feliciano Nogueira de Lara, cavalleiro professo na ordem de Christo. Lisboa, na Offic. de José Antonio da Silva 1726. fol. de IV-98 pag., em que finda a Allegação, seguindo-se a esta a sentença absolutoria do réo, a qual falta no meu exemplar por incompleto. Está-o comtudo de sobra para accusar mais uma leviandade de Barbosa, e do pseudo-Catalogo, que dão esta Allegação como impressa por Antonio Isidoro da Fonseca, e sem declaração de anno, quando a verdade é a que deixo dita.

3506) (C) Discurso theologico, juridico e anonymo sobre a proposta que se fez, para cabal conhecimento da validade ou nullidade do capitulo provincial dos padres trinos... que se celebrou em Lisboa em 7 de Maio de 1735. Veneza, na Offic. Bableoniana 1735. 4.º de VI-92 pag.- Vi um exemplar na livraria de Jesus.

3507) (C) Manifesto anonymo, moral e apologetico a favor dos eremitas descalços de Sancto Agostinho, contra os abusos que o P. Fr. Antonio da Annunciação tem praticado na dita congregação. Sevilha, por Juan Francisco Blas de Quesada 1746. 4.º de 98 pag., no exemplar que vi na livraria de Jesus: parece porém não estar completo, pois tem reclamo no fim da ultima pagina, em letras capitaes com a syllaba PRO, que indica titulo novo.

3508) (C) Reparos apologeticos e anonymos pela justiça da ex.ma casa de Unhão, sobre a successão do estado e casa de Aveiro, em que é auctor e oppoentes os ex.mos srs. D. José Mascarenhas, marquez de Gouvêa, D. Antonio de Lencastre, duque de Banhos, e os filhos de D. João de Lencastre, duque de Abrantes. Por um zeloso e amante da verdade. Lisboa, por Miguel Rodrigues 1749. fol. de 58 pag.- Sem o nome do auctor. (Vej. Manuel Madeira de Sousa, e Miguel Lopes de Leão.)

3509) (C) Oração em que congratulou a Academia Real de estar eleito seu collega. Sem logar, nem anno, etc. 4.º gr.- Não tive presente algum exemplar, e o mesmo a respeito do seguinte:

3510) (C) Elogio de Martinho de Mendonça de Proença Homem de Pina.- Sem logar, nem anno. 4.º gr.

3511) (C) Carta apologetica critica e anonyma, contra a pastoral do ex.mo Arcebispo d’Evora. Sevilha, en la Imp. Real. Sem anno. 4.º.

3512) (C) Epitome declamatorio, ou memorial apologetico e laconico... pelo Conde de Sancta Cruz, Marquez de Gouvêa, sobre a successão do estado e casa de Aveiro. Lisboa, por Francisco da Silva 1753. fol.- Sem o nome do auctor.

3513) Epitome apologetico, que a favor da viuva, filhos e herdeiros de Estevão Martins Torres, compoz para servir de sustentação aos embargos formados contra a sentença do juizo dos Feitos da fazenda, sobre descaminhos do navio Maria Afortunada. Sem logar, nem anno, etc. (mas vê-se pelas licenças que é de 1754), fol. de IV-161 pag. Nem a Bibl. Lus., nem o Catalogo da Academia fazem menção d’esta obra: porém vi d’ella um exemplar na livraria de Jesus, com o nome do auctor bem declarado no rosto.

3514) (C) Carta apologetica e analytica, que pela ingenuidade da pintura, em quanto sciencia, escreveu com profundissimo respeito á ill.ma e ex.ma sr.ª D. Anna de Lorena, marqueza camareira mór, etc., a rogo de André Gonçalves, pintor ingenuo ulyssiponense. Lisboa, na Regia Offic. Silviana 1752. 4.º de XVI-58 pag. com uma estampa allegorica, da invenção do mesmo André Gonçalves. Tiraram-se alguns exemplares em papel maior.

3515) (C) Elogio funebre de Manuel de Azevedo Fortes, engenheiro mór do reino, etc. Lisboa, por José da Silva da Natividade 1754. 4.º de X-12 pag.

3516) Dialogo apologetico, moral e critico, ordenado para instrucção do ministro principiante, que deseja salvar-se no officio nobilissimo e excellente de julgar, que é o mais perfeito, meritorio de todos os empregos politicos, se se exercitar com perfeição. Mandado imprimir por seu auctor, pelas razões com que se justifica no primeiro prologo. Lisboa, na Offic. de Pedro Ferreira 1761. 4.º de XXXIV-169 pag.

Posto que não declara no rosto o nome do auctor, vem este assignado logo na dedicatoria, e mui expressamente dizem ser d’elle as approvações dos censores. Não entrou na Bibl. Lus., pela razão bem clara de ter sido impresso posteriormente á publicação do tomo IV da mesma. Esta irremediavel omissão foi o que bastou para que o collector do Catalogo chamado da Academia, tendo copiado de Barbosa todos os titulos das demais obras do dr. Gomes da Cruz, se não fizesse cargo d’esta, que naturalmente não conheceu, aliás tel-a-ía accrescentado, como fez em alguns outros casos similhantes.

II

JOSÉ GOMES DA CRUZ

O sr. Pereira Caldas informou que a Carta apologetica, critica e anonyma (n.º 3511) foi reproduzida de pag. 73 a 124 na Collecção universal da bulla, editaes, pastoraes, cartas, dissertações, etc. (ácerca do erro da fracção do sigillo sacramental e das contendas que a este mesmo respeito tem havido sobre o ponto da jurisdicção entre o tribunal do santo officio e alguns dos seculares ordinarios do reino de Portugal), parte primeira, impressa em Madrid na offic. dos herdeiros de Francisco del Hierro.

Em uma nota de Innocencio leio o seguinte:

«Deve-se advertir que este nosso escriptor é diverso de fr. José Gomes da Cruz, de nação castelhano, que escreveu a Historia da prodigiosa vida e admiravel morte e milagres de S. Francisco de Paula, traduzido do castelhano por fr. Marcos Gonçalves da Cruz. Lisboa, 1731. 4.º E para que se não confundam os dois, como já aconteceu ao sr. J. das N. Gomes Elyseu, que julgou serem ambos um só individuo, faça-se esta menção.»

Recortes

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Bibliografia geral

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